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quarta-feira, 14 de março de 2012

Os novos anos atrás

Odeio essa frase mas ela parece cada vez mais franca com o que vem acontecendo na sociedade. "Tudo era muito melhor no meu tempo de adolescente".
Quando digo tudo é tudo mesmo. A diversão, a música, a balada, a forma de se falar e encontrar com o pessoal, as mensagens, as ideias, as garimpagens (se é que alguém sabe o que quer dizer isso hoje em dia), tanta coisa. Muita gente vai concordar comigo, outros não por ser, hoje, muito mais fácil de se conseguir diversas coisas com um simples clique dentro de casa. Normal.
Vou tentar explicar apesar de ser uma batalha dura essa sendo abertamente honesto. Melhor, vou tentar classificar em ordem crescente tudo o que eu gostava e hoje não é cada vez mais difícil.
- Pesquisar: ah, ir garimpar aquele disco raro e encontrar, que pusta emoção. Oras, podem me dizer que as ferramentas da internet facilitam as pesquisas e como encontrar aquele item de colecionador, fazer trabalhos escolares e sei lá o que mais. Tá. Antes era ainda melhor, era ter que sair de casa, ver a rua, pegar condução e ir à biblioteca, às lojas e bisbilhotar. Pera lá! Não vai me dizer que é perda de tempo fazer isso tudo. Perda de tempo é ficar em casa, pegando Ctrl C - Ctrl V de texto pronto da wikipédia ou a primeira que aparecer. Isso nunca foi pesquisa. É coisa de gente preguiçosa e burra. O tesão de ir e biblioteca era encontrar um local propício para se pesquisar. Um lugar silencioso e sem a pôrra da tv ou o som ligado atrapalhando o raciocínio. Não só ir para a biblioteca mas também aos centros culturais que, como o nome já diz, era onde se encontrava as novidades visuais, musicais ou preciosidades de eras passadas e de diversas vertentes sejam elas quadros, livros, discos, filmes, esculturas que só a sua presença já era marcante para fazer a pessoa borbulhar de ideias e correr com algo a se falar. Discos ou CD's, rapaz! Era uma puta emoção, quase um trabalho arqueológico encontrar aquele álbum que tanto se quis. Lembro eu de achar um disco do Secos & Molhados e outro do Pixinguinha por um preço ridiculamente baixo, fazer cara de pouco se importar com aquelas bolachas, pagar, e dar aquele sorriso de felicidade do lado de fora da loja. Isso sim eu chamo de uma boa pesquisa.
- Mandar cartas: isso era bonito demais. Era uma amostra muito séria de querer bem. Oras, podem me dizer que ainda dá para se fazer hoje e mandar num piscar de olhos e, melhor, dá para colocar frases prontas, desenhos que se mexem, links bonitinhos e os escambaus. Tá. Antes era ainda melhor, era uma prova de coragem, amor e preocupação escrever alguma coisa, sair de casa, comprar selo e envelope, colar e antes de depositar na caixa do correio. Era uma grande prova de perseverança escrever dezenas de cartas e amassá-las até rolar a definitiva. Tinha carta que as pessoas colocavam perfumes nela, a marca de batom e no desespero da vida, tinham aqueles que deixavam rolar uma lágrima no papel.
- Telefonar: tão simples hoje, tão complicado ontem. Em primeiro lugar, ter um telefone pra chamar de seu, era difícil. Fila que passava anos até conseguir uma linha e o aluguel era horroroso. A salvação eram os orelhões que funcionavam depositando fichas. Só assim para se entrar em contato com alguém Oras, podem me dizer que hoje é baba. Com apenas uma nota de 20 nas mãos se consegue um celular. É tão fácil que até bandido usa pra fazer merda. Tá. Antes era ainda melhor. Por ser algo assim difícil de se fazer, qual era a forma de se entrar em contato com alguém? Era indo em sua casa, dando aquele "olá" ao invés do "alô". Ligar para o pessoal mais afastado para marcar balada era dizer que se importava de verdade com a sua presença. Não essa coisa estúpida e desmiolada de mandar mensagem eletrônica para cem pessoas e esperando de verdade apenas quatro ou cinco. E daí se o cara diz que tem mil amigos se só três entram em contato? Amigos, sei.

Aqui damos uma pausa. Tomo um pouco de café, pulo umas partes porque essas já são suficientes para o pessoal me esculachar e chego, assim por dizer, a uma era mais avançada, ou seja, uns poucos anos atrás. Agora é a verdadeira parte honesta, de quando aquele que vos escreve tem que se expor para poder continuar com esse loooongo post que quase ninguém quer saber de ler mas que também não me importo se o fez ou não. Aqui é a
- As proibições/ imposições sobre o direito de fumar: Foi-se a pouco o tempo que se podia fumar tranquilamente. Dar aquelas baforadas sem que ninguém reclamasse. Ter o cigarro como único companheiro na espera ou na solidão no balcão de um boteco. Uhhhhh, cuidado, Alê, teremos moralistas a bombardear!!! Oras, podem me dizer que a lei antifumo é justa, que o tabaco é um disseminador de doenças mortais como o câncer, que era uma puta falta de respeito e noção cuspir aquela fumaça branca enquanto as pessoas estavam lá perto comendo e que ninguém é obrigado a voltar para casa fedendo a cigarro e muito menos a fumar por tabela. Tá. Antes era ainda melhor porque não havia a merda de uma lei absurda que proíbe todo e qualquer estabelecimento de se fumar tranquilamente depois de um dia de labuta. Oh, já vejo o moralismo jogando pedras em mim mas explico que acho ótimo a lei, principalmente em restaurantes e churrascarias. São lugares onde a pessoa leva para um almoço ou janta a sua família e seus amigos e, puxa, fumar enquanto alguém está comendo, principalmente ao lado de uma criança não é um perigo aos pequeninos pulmões mas uma falta de respeito que até um fumante deveria saber. Mas, amigos, e aquele buteco que a única coisa mastigável que vende são aqueles salgadinhos Torcida? Beber e fumar são irmãos assim como feijão e arroz. Não precisa geralmente ter os dois mas juntos são perfeitos. Na boa, o que me irrita não é deixar de ficar sem fumar mas é como a lei veio bruta, atacando ao invés de educando. Lembro da frase que dizia que quanto mais proibido for, melhor fica e sempre levantei a bandeira da opção pessoal: deveria haver em todos os bares ou seja lá qual recinto for uma placa fácil de visualizar com os dizeres: "Aqui se fuma" ou "Aqui não se fuma". Não seria mais bacana? O fumante ou o não fumante teriam suas opções em igual. Muito mais democrático, não? Agora, eu como fumante, sendo colocado do lado da rua no buteco e se for em balada é num cercadinho me expondo de uma maneira bárbara, como se fosse um bandido dos ares puros é uma pura demonstração de preconceito. É como separar banheiro para cristão e ateu. Meu cigarro faz menos mal para os outros do que aquele rapaz não fumante que anda todo o dia de SUV! A exposição é cruel e os olhares maliciosos e com ares de nojo são de arrebentar. É como se eu fizesse parte de um raça inferior. Se fumar faz mal isso é problema meu e é minha opção seja ela boa ou ruim assim como faz aqueles que não fumam que, acreditem!, vão um dia falecer da mesma forma mais cedo ou mais tarde. Fumar não deixa de ser meu direito subjetivo.
- As proibições/ imposições sobre o direito de beber na rua: existe coisa mais gostosa do que sentar numa cadeira ao ar livre e bebericar umas geladas com os amigos na rua e num quiosque? Oras podem me dizer que a lei é interessante pois reduz a exposição das crianças de verem algo assim e se interessarem em fazer o mesmo no futuro, isso sem contar que atrapalham o movimento daqueles que estão passando. Isso ainda está em pauta mas isso não cheira ao ridículo? De acordo com o projeto apresentado pelo presidente estadual do PTB, Campos Machado a ideia é fazer a mesma medida que já é feita nos EUA. Proibir beber nas ruas e pra burlar é só colocar um saco escondendo o rótulo da bebida. No mínimo uma idiotice sem nenhum sentido. Se é pra inibir o uso de bebida alcoólica por motoristas, isso vira motivo de risos porque - como ouvi em algum lugar - já temos uma lei para tal. É só uma perfumaria pirata para ser igual aos gringos e só. Tá, antes era ainda melhor porque nada disso era "feio" ou "errado". Comprávamos peixe embalado em jornal na feira, bebíamos felizes, ligávamos com felicidade e cheios de fichas na mão, mandávamos cartas com aquele nervosismo adolescente, fumávamos e ninguém se importava nem fazia careta de nojo. Ninguém controlava nossos pequenos vícios.
Como escreveu elegantemente Luiz Felipe Pondé hoje na Folha de São Paulo e que, se eu pudesse, colocaria aqui na íntegra: "Nosso maior pecado contemporâneo é não reconhecer que a humanidade do humano está além do modo 'correto' de viver. E vamos pagar caro por isso porque um mundo só de gente 'saudável' é um mundo sem Eros."

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Antes e depois de Social Distortion

(E assim...) Sábado foi um dia esperado por muitos. Pela primeira vez, a banda Social Distortion tocará em São Paulo. Começou assim.

Umas 16:00 já estava eu fazendo meus preparativos no bar Virilha's. Conheci um cara, Marcelo, que chegou ao mesmo tempo que eu e pouco tempo depois do bar abrir. Zé, o dono do bar, limpava a sujeira do dia anterior. "Pôrra! Até vomitaram no meu bar!", comentava sobre os excessos de sexta e sobre o grude do chão xadrez. Pediu para que eu e o Marcelo dividíssemos a cerveja enquanto limpava o bar.

Marcelo, disse ele, nunca estudou. Trabalha vendendo equipamentos oftalmológicos e vende bastante. Disse à mulher que levaria o carro para lavar - às 10 da manhã. Comentou que um amigo foi tirar o carro dele e deu uma panca no carro da frente. O carro dele mesmo.

Comentou que trabalhar era obrigação e que aqueles que dizem gostar de trabalhar são todos mentirosos, pois nada na vida era perfeito. Trabalhar era a imperfeição mor. Me perguntou se eu não ficava frustrado em estudar durante quatro anos, ver o diploma sendo menosprezado e competir com gente sem qualquer conhecimento e perder uma vaga num bom lugar porque ou o outro tinha Q.I. ou era uma loura da muito gostosa. Faz parte e confio em mim, disse à ele.

Veio uma moça vendendo pano por dois dinheiros. Logo apareceu uma outra mulher e duas crianças. Todas juntas com seus panos. Vendem muito. Algo em torno de uns 200 panos por dia, algo que dá mais do que meu salário de um mês. Não, não vou vender panos apesar do lucro.

Moram todos bem longe do Ipiranga onde estamos. São Mateus, zona leste. Começaram a papear conosco sobre a vida, dificuldades e outras frivolidades animadamente. No bar do Zé todos são bem-vindos contanto que paguem pelo que bebem.
Era 19:30 e chegou a carona. Eu e mais dois amigos. Os únicos que se juntam para assistir shows com a mesma vontade de anos passados quando iam dezenas num mesmo ônibus, sem saber como faríamos para voltar com a diferença que, hoje, vamos de carro.

Como eu era o único sem ingresso, me deixaram próximo à bilheteria enquanto encontravam um lugar para estacionar o carro. Logo eu estava dentro do Via Funchal vendo a banda de abertura chamada All the Hats, da Argentina. Mais ou menos. Me pareceu uma mistura de hardcore NY com Nirvana.

A casa não estava cheia e a cerveja é cara (seis dinheiros). Era curioso ver que, depois da lei anti-fumo, o pessoal continua burlando, acendendo seus cigarros como se fossem presos se descobertos e abrigados a assinar um 16. Imagina então aquele que dava cigarro para terceiros! Xilindró pro miliante!

O Social Distortion sobe no palco. A galera pira. Mike Ness está lá, tentando umas palavras em português. Fala alguma coisa do tipo que no Rio, o show foi bom e queria ver se aqui seria melhor. Não sei se foi, mas para mim, estava de bom tamanho. Não lembro da sequencia, mas tocaram "Under my Thumb", "Sick Boy", "Still Alive", "Balls and Chains" e, se não me engano, fecharam a noite com "Prison Bound" ou "Ring of Fire". Foi animal.

Cheguei em casa umas duas da manhã. Comi alguma coisa e me preparei para assistir o GP da China de Fórmula 1. Preparei o despertador para tocar uns cinco minutos antes da largada e aproveitar para tirar uma soneca. Acordei 10 da manhã e, para azar, além de perder a corrida, dormi com a lente de contato que secou por falta de lubrificação e queimou todo o meu olho direito.

Agora é esperar o próximo show e postar alguma coisa aqui. Pelo menos a próxima corrida não será de madrugada.