sábado, 11 de agosto de 2012

Os velhos também pogam

Imagem: Quadrinhos Brazucas
Às vezes passa sem perceber. Reparei que os anos estão passando tão rápido quanto uma virada de bateria do Iggor Cavalera. Acho que isso me pegou ao ver o documentário "Pais e Punks" (The Another "F" Word - 2011) que passou esses dias e comentei aqui
Explico. Boa parte das bandas que apareceram no documentário eu lembro de ter escutado logo - ou pouco depois - de seus lançamentos. A maioria bruta eram figuras que me pareciam pouca coisa mais velhos do que eu e, agora, todos batendo na casa dos 50, alguns menos, alguns mais. 
Tudo bem, tudo bem. Conheço pessoas bem mais velhas e que tem o rock and roll correndo nas veias. Temos o Serguei, certo? E quantos tantos outros exemplos podemos dar?
Agora apareceu esse vídeo abaixo, que tem pouquíssimas informações sobre uma senhora de seus 70 anos, já uma bisavó da cidade de Grimsky, UK, que não perde um bom bate cabeça chamada Bessie Lawrence. Ganhou até apelido: "Bloody Nora".
Mas me lembrei de uma outra figura. Isso aconteceu em 1992, 1993.
Como fazia nesses dias de juventude, partia nos fins de semana da minha casa para o bairro do Ipiranga. Lá, na Avenida Nazaré, perto do Corpo de Bombeiros, havia uma daquelas igrejinhas (na verdade ela ainda está lá, mas não como era nessa história) que trazia bandas pesadas (havia o brutal - mas bonzinho - death metal do Devilcrusher. Hoje tem uma outra banda com o mesmo nome, mas é outra coisa) para tentar trazer ao seu teto as nossas estúpidas almas e corações que, ao verem que era a hora da pregação, saiam na rua para comprar cachaça.
O evento acabava lá pelas 20:00 e dava tempo suficiente para aquela horda de adolescentes tão esquisitos como oompa loompas rumarem para um outro lugar. Não, não era para a Fábrica de Chocolate, era para a Casa de Cultura do Ipiranga, hoje batizada de Casa de Cultura Chico Science. Lá sim, na época a nossa Meca, onde as bandas se apresentavam sem nenhuma pregação. Coisas como P.U.S., Little Quail, Scars, Okotô, Siegrid Ingrid, X-Rated, Avalon e tantas outras que meus neurônios negam a me lembrar.
E havia essa figura. Era um senhor que chegava lá e num canto ficava. Alto, magro, a cabeleira branca, sempre sorrindo. O mais velho de todos, o nosso ancião, o vovô que parecia fazer parte daquelas imagens de pensadores gregos.

Mas mal havia começado os primeiros acordes, aquela figura, chegava para perto do meião já dançando. Pogava, dançava, pulava do palco, era uma figura. O pessoal o respeitava. Por algum motivo ele era uma das razões de muitos para continuar na batalha da vida. Não tinha dia que ele faltava. Deveria morar por lá perto, o que será que aconteceu com ele? Estaria ainda perambulando pelos shows da vida? Comprando CD's ou baixando arquivos? Não sei. Nunca vou saber. 
Bem, essa é a minha homenagem à esses senhores e senhoras de idade que continuam nos impressionando e a essa solitária e feliz figura que, como os monumentos erguidos aos soldados desconhecidos, infelizmente nunca também saberemos seu nome.

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