sábado, 21 de julho de 2012

20 anos de Dirty

20 anos. Parece assustador me lembrar de quando ouvi esse disco pela primeira vez. Foi na escola que uma amiga me perguntou se já o tinha ouvido. "Não, e já achei um lixo", foi a estúpida resposta que dei, mostrando toda a minha habilidade em desprezar o que não conhecia. Tinha 15 anos e já me achava "o" conhecedor das coisas boas e ruins. Que cara otário que eu era. Acho que continuo sendo.
Mas passado a grita desse disco, reconheço que este é um dos grandes petardos da indústria musical.
Produzido por Butch Vig (baterista do Garbage e produtor de outros discos matadores do Nirvana, Smashing Pumpkins, House of Pain e Helmet) e uma inusitada capa assinada por Mike Kelley, o disco colocou o Sonic, depois de um EP e seis álbuns lançados desde 1982, em uma banda conhecida por muitos. Gostando ou não.
Uma coisa deve ser lembrada e justificada. Sonic Youth já tinha há um bom tempo o reconhecimento de milhares de pessoas, principalmente daquelas que acompanhavam a cena independente. Os dois discos lançados antes, "Daydream Nation" (1988) e "Goo" (1990) já eram clássicos e mostravam claramente que eles utilizavam as distorções não apenas como barulho e, sim, como melodia. Algo incomum nesses tempos de guitarras ou "sujas" ou cheios de técnicas de acordes subindo e descendo.
Uma das primeiras músicas a aparecer nas rádios, "100%" de cara já mostrava o poder das guitarras, do baixo de Kim Gordon e da força que a música tinha. O clipe, mostrando adolescentes de roupas quadriculadas, skates, namoros e desilusões - o auge grunge - talvez deixava as pessoas perplexas pela sua forma incomum de melodias. "Sugar Kane" entrou na rádio e tocou tanto que não dava para dizer que não conhecia seus músicos.
O disco tem 16 músicas monstras, fortes, assustadoras. Havia desde a bate estaca "Nic Fit" (cover da banda underground punk Untouchables, de Alec McKaye, irmão de Ian, vocalista do Minor Threat e Fugazi) e "Orange Rolls, Angel's Spit", as sombrias "Drunken Butterfly" e "JC", a voz sexy e violenta de Kim Gordon em "Shoot", "Créme Brûlèe" e "On the Strip", experimentações geniais de "Theresa's Sound-World", a belíssima "Wish Fulfillment" e "Chapel Hill" (a minha preferida, principalmente pelo claustrofóbico solo) e a dançante "Purr".

No livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, Ignacio Julià diz: "Assim como todos os seus trabalhos posteriores, Dirty documenta uma banda tão fiel à sua personalidade multifacetada quanto aos acontecimentos de sua época, misturando o pessoal e o social em camadas superpostas de som e raiva."
Definitivamente um ótimo disco numa época de lançamentos poderosos. Um ano clássico.

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