quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

TV Party: O show de TV que é uma festa

Há um bom tempo atrás, digo até uns sete anos passados, estava na casa de um amigo viajando na internet sem nenhuma ideia do quê procurar até que entrei num site chamado Pitchfork, do qual virei assíduo leitor. 
Clicando em suas páginas recebi uma mensagem de um documentário que ficaria no ar por alguns dias no seu site. Como disse, estava à toa, então resolvi dar uma olhada do que era aquele documentário que parecia bem curioso sobre um programa que se chamava "TV Party".
De cara fiquei espantado. Não sabia como reagir com tamanha porra louquice, cara de pau e atitude de um programa de uma hora de duração que passava na tv à cabo pública americana no final dos anos 70.
Dirigido por Amos Poe (The Blank Generation - 76) e com a apresentação de Glenn O'Brien, o programa apareceu pela primeira vez em 1978, no auge do punk rock, do faça-você-mesmo, num momento de grande explosão artística e cultural, era feito nas coxas, branco e preto, três câmeras (uma desfocada) que passeava de um lado para outro, "condições técnicas abismais" e, mesmo assim, era fantástico, ameaçando de vez a moral & os bons costumes da sociedade americana ainda apática por parte da maioria das famílias. Politicamente falando, era aberto a todo tipo de ideias e ideais e não era difícil o choque que causava. Durou até 1982.
Não era difícil encontrar entre seus participantes a presença de Debbie Harry (Blondie), Klaus Nomi, David Byrne (Talking Heads), Mick Jones (The Clash), Jean-Michel Basquiat, Fred Schneider (B52's) e de outros artistas desconhecidos que tocavam suas músicas em meio do caos anarquista que era o show, que também tinha a participação da plateia e outras insanidades como o "homosexual minute", "heavy metal show", "intolerable show" e outros que rolavam quando as pessoas ligavam para o programa.
Glenn, uma figura que veio dos tempos da Factory de Andy Warhol apresentava esse circo e fazia experimentos e esquetes consigo mesmo. Um exemplo? Bem, uma absurda ousadia foi quando, no programa, Glenn preparou um baseado com os olhos vendados. Imaginem isso na tv dos dias de hoje. Impossível? Então imagine naquela época.
Mas não pensem que era só um show de horror. Havia conversas sérias, pautadas com entrevistas curiosas com geopolíticos e outras personalidades que tinham como contribuir com o show de maneira a fazer o telespectador pensar . 
Glenn falou: "Acho que isso era punk TV. Éramos antitecnicos, antiformato, antiestablishment e anti-antiestablishment. Gostávamos de quebrar todas as regras por uma boa radiofusão." Imagino de onde Mike Meyers, tirou a inspiração de "Wayne's World" (Quanto Mais Idiota Melhor) ainda nos tempos de Saturday Night Live, apesar de muito mais, digamos, "light".
Se tiver oportunidade e muita curiosidade, não perca esse documentário, apesar de que, possivelmente, não haja versão legendada.

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