segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lido

(garoando fino e tudo cinza e frio e...) Estou meio que atrasado com essa parte que estava mantendo atualizada sempre que terminava um livro qualquer que eu estivesse lendo. Devo ter deixado de lado uns dois livros e com um terceiro já na mochila.
Pior é que mesmo não fazendo muito tempo de leitura, muita coisa pode se perder no caminho cerebral. Cousas que adoraria lembrar, principalmente nesse livro do dia, o "Dona Sinhá e o Filho Padre", de Gilberto Freyre (Ed Ediouro, 258 págs).
A história - ou estória - já começa com essa confusão. Ele, Gilberto, se pega falando com uma sinhá que está preocupada com o conto que ele irá lançar achando que Freyre comenta sobre sua vida e de seu filho padre, que falecera jovem. Uma coincidência de ideias e acasos inesperados que se tornam um. Uma seminovela? Um conto? Uma ficção? Que catzo é isso?
Ah, a sinhá e seu filho padre. Filho esse que já nasceu mimado e envolto pelo amor da mãe devota e que quer ter de qualquer forma seu filho vestindo a bata, pregando, celebrando missas e casamentos. Garoto que desde pequeno foi delicadamente feito pela mãe para isso. 
Gilberto faz a cousa mais bacana para um livro como esse. Não conta apenas a história. Ele a investiga, recolhe depoimentos, encontra chaves para mistérios do homem (o padre, a sinhá, parentes e pessoas próximas), de seu habitat, convívio, folclore e as estuda formando uma impressionante e bem acabada mistura entre o texto de estudo jornalístico, antropológico, filosófico, místico... um conto como chamam de "gilbertiano". Já leu? Leia então para entender a mágica.
Mas imagine um conto com todos aqueles detalhes de biografias e teses: linhas em itálico, comentários no rodapé e tudo numa história que seria apenas mais uma novela, mas é muito mais. 
Sabia que estava nas minhas mãos uma bela história. Vai, nem tanto. Já lí o monstro "Casa Grande e Senzala" e não esperava muita cousa desse. Ufa, quem tem a mão literária e a cabeça curiosa pode oferecer um saber que não apenas conta algo como também ensina a investigar. Fantástico.

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