sábado, 22 de janeiro de 2011

Cólera em Itapetininga 15 anos depois e minha historinha

(um azul azulado) A banda Cólera vai tocar em Itapetininga hoje, dia 22. Não coloquei nada porque fiquei esperando o flyer ou detalhes para postar. No fim, dei um jeito e encontrei algumas informações.
O barulho vai rolar no Espaço do Som Rock Bar, que fica na Av. 5 de Novembro nº3000. 15 paus a entrada. Junto com o Cólera tocam Recus@rmada, Restos de Aborto e Disturbados. As portas serão abertas as 18:00.

O bacana da cousa toda é que essa será a segunda vez que a trupe do Redson aparece na cidade. A última vez foi em 1996, ou seja, quase 15 anos atrás. Uma vida.
Mas eles tocaram nesse dia quando a cidade, aos poucos, havia despontado de uma nova geração rock, mais engajada, mais unida, que se esforçava em tocar, montar fanzines, agitar a cidade pacata de mais de 125mil pessoas e acabara de, enfim e com muito esforço e conversas, ganhar uma casa para que o pessoal da cidade e seus arredores pudessem ouvir um som, tocar, conversar, beber e espalhar ideias. A casa, que se chamava "Dinossauru's", foi batizada para os dias de barulho de "Slam". Uma casa bonita e com dois ambientes separados um para o palco e a pista e outra com mesas cimentadas e com cantos com palmeiras,  o bar com um tamanho bom com o teto parcialmente fechado. Muito bacana. Tenho uma foto dele mas está meio escura. Uma pena que não dá para ver seus detalhes.
Foi numa conversa que rolou a intenção de trazer uma banda mais famosa e que fizesse parte do underground. "Que tal Cólera?", disse um amigo, talvez o Reginaldo "Fejão" Montanari e me incumbiu de iniciar as diretrizes já que eu moro em Sumpaulo.
O primeiro contato foi num show no Tendal da Lapa que tocou o Cólera e uma banda do Kid Vinil, não lembro qual mas recordo de ele ter aparecido com os parcos cabelos pintados de verde em alusão ao Palmeiras que tinha ganhado não sei o quê. Foi uma conversa rápida, meio informal e nada profissional. Tinha que mostrar que estava de verdade a fim da cousa para acreditarem.
Pois bem, foram eles que tiveram o prazer - ou não - de abrir para os gringos do Shelter em Santos e lá fui eu e Fejão para mais conversas. Um detalhe desse dia - e espero que entendam que foi apenas uma brincadeira para quebrar nosso gelo -  é que, enquanto estávamos ainda do lado de fora da casa, tomando umas cervas, reparamos a quantidade de Straight Edges que estavam por lá por causa do Shelter, que tocava no então estilo krishnacore e tinha a música "Here We Go Again" estourando nas rádios. Bem, no punho das mãos havia o símbolo "X" na maioria deles. Resolvemos fazer o nosso símbolo no punho e desenhamos um belo "51"!
Conversamos melhor, trocamos os telefones, lembro que o dele foi um dos primeiros com oito dígitos, e tudo estava caminhando e sendo arrumado até que a banda mandou uma lista de equipamentos que tinham preferência. Apareceu que ele queria um amplificador de 100 watts com cabeçote e ninguém do grupo tinha um dessa potência. No máximo 40 watts. Pior, já estávamos em cima da hora e o negócio foi alugar uma no desespero. Liga para uma, duas, três e ninguém queria alugar o negócio até que apareceu uma no centro. Convidei uns amigos para darem uma ajuda (Henrique e mais duas figuras que não me vem o nome) e lá fomos nós buscar o trambolho que, quando vimos, era de um peso ignorante. O cara que nos alugou preparou os documentos, recebeu o dinheiro e, já do lado de fora perguntou onde estava nosso carro. "Que carro? Nós vamos de ônibus", falei até que vi a cara dele de arrependimento e cheio de nos pedir para tomar cuidado, porque se acontecesse alguma cousa eu seria o responsável, o negócio era caro e blá blá blá.
Lá, chegando na rodoviária, ficamos esperando o Fejão que viria com a mãe dele de carro para buscar eu, os três carinhas e um amplificador que colocamos tudo de um jeito que até hoje não sei dizer como dentro de um Fiat 147. Esperamos a chegada do Cólera com seu histórico Monza "Hathson", ensaiaram, mudaram alguns detalhes e ok, tudo pronto.
A casa lotou. Lembro que tocou Calibre 12 e as bandas de lá como o Poluição Sonora. Nisso, vejo os caras do Cólera, Redson e seu irmão Pierre dando entrevistas e tirando fotos para os moradores e fanzines locais. Um pusta clima delicioso, uma noite deliciosa. E chegou a hora de subirem no palco e, acho que seria impossível transmitir em palavras a energia, a alegria que envolveu toda a casa, até para aqueles que nem eram tão chegados no estilo. Todos cantavam juntos, pulavam, saltaram moshes e pogaram alucinantemente.
Depois de cousa de três horas de show e, sim!, os caras tocaram esse tempo, a noite continuaria com a velha guarda vindo em minha direção, me abraçando e dizendo "obrigado"... me segurei para não chorar de felicidade com toda aquela emoção. Ficamos ainda a madrugada toda numa roda no canto da cada ouvindo o Redson contar piadas sem parar.
15 anos cara... depois desse dia nunca mais perdi o contato com o Redson e angariei novas bandas, novas amizades, organizei outros shows, sofri pra cacete e ainda não deixei a peteca cair. Ali foi colocada a semente de tudo que sou hoje em matéria de correr atrás, tirar sangue de pedra e enxergar que, com força de vontade e sacrifício há de tudo dar certo.

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