(começou frio e parece que não mudará) Imagine um sul-africano fã de um cantor de Detroit que acaba querendo saber mais sobre aquele que ele e outras centenas de milhares de pessoas cantava nos tempos do apartheid e acaba tendo a surpresa de saber que seu ídolo, de um jeito estranho - não se sabe se tacou fogo no próprio corpo ou se deu um tiro - acabou dando fim na vida?
Até aí nenhuma novidade. Dá pra contar de cabeça quantos que se mataram direta ou indiretamente.
Pensa agora na situação desse fã ao descobrir que ninguém, ninguém nos Estados Unidos sabe alguma coisa da vida desse cara. Pior! Que ele quase nada vendeu de seus únicos dois discos na ilha dos livres e terra dos bravos?
Esse é o mote do filme "Searching For Sugar Man", da procura de duas pessoas que nunca se falaram mas que tem o mesmo propósito: o de saber o que, diabos, aconteceu com Rodríguez. Um cantor de folk com temas tristes considerados por muitos como melhor ou igual a Bob Dylan e que assim como apareceu, sumiu envolto de mistérios sobre a sua morte e o que de fato aconteceu.
Este não é um documentário comum. É uma caça pela paixão por algo que um cara deixou como legado em forma de canções e que foram lemas num momento violento na África do Sul. Momento de censuras, de preconceito, violência policial, a segregação no seu estado mais sombrio.
Essa é uma história incomum e fascinante que remonta como e até onde esses dois caras chegaram até conseguir alguma coisa, um desfecho real sobre Sixto Rodríguez. Dois caras: um fã e um jornalista de música que não descansarão até saber toda a verdade por trás desse mistério.
Filme produzido por Malik Bendjellou (um de seus primeiros, diga-se)e que ganhou cerca de 27 prêmios desde quando lançado em 2012, entre eles o Sundance e o Oscar de Melhor Documentário. Poderia ter ganhado de melhor trilha sonora porque as músicas de Rodríguez são de arrepiar.
Procure esse filme, assista e, na real, se emocione. "Searching For Sugar Man" é beleza do começo ao fim.
A música escolhida aqui é exatamente aquela que abriu o mundo e a coragem dos sul-africanos pela sua liberdade.
