terça-feira, 27 de março de 2012

Palavras, palavras

Não sou fã de Legião Urbana e nem das bandas que de lá de Brasília apareceram. Não vejo com esse esplendor o tal "BRock". Para mim esse sempre foi um grito angustiado de produtores que viam o rock internacional se estabelecer cada vez mais no imaginário adolescente da época e descobrirem que - no total desconhecimento e enorme preguiça de garimpar artistas - não havia nada em suas mãos. Daí a presença em massa das bandas brasilienses e de umas cariocas. Amigos, filhos de produtores, grana (muita) e uma absurda excentricidade típica de adolescente mimado, que tinha aqueles discos impossíveis de se achar (diga-se importados), que não havia esforço em conseguir bons equipamentos e que se achavam os fodões, que devia ser lindo para os pobres mortais e maravilhoso para uma mídia que nem sequer sabia escrever sobre o rock.
É curioso perceber o abismo que havia entre o tal rock anos 80 promovido pela elite e o rock que não tinha espaço por ser, digamos, sujo, que se esforçava em ter uma "guitarra comprada em prestações no Mappin" (Redson - Cólera) e desconhecido da massa. Desconhecido porque a grande mídia não se importava com isso, nunca se importou. Um puta exemplo é o espaço dado pelos jornais ao show "Começo do Fim do Mundo", no SESC Pompéia em 82 ou na mais-que-conhecida entrevista da Globo com um grupo punk que degringolou numa absurda falta de transparência e sensacionalismo como foi retratado esses grupos como arruaceiros. Isso num mesmo momento que as "BRock" já arruaçavam com festas regada a muita bebida e drogas. A única diferença aqui é que os últimos eram famosos, bonitos, arrumadinhos e bem de vida.
Apesar do que foi escrito, não quero chegar e dizer quem é o melhor. Nada disso. Isso fica por conta e gosto de cada um. O que quero dizer é que não gosto do endeusamento que é dado para uma ou outra banda. Aquela coisa insossa de que eles estão acima do bem e do mal, que são mensageiros de uma adolescência que, sinceramente, desconheço.
Ah, lembrei porque estou escrevendo isso! Saiu no domingo uma matéria com Renato Rocha, o ex-Legião Urbana que, depois de fazer parte do grupo, foi expulso e, hoje, se encontra na rua.
É um momento duro de se pensar. O quê que fez esse cara ir para a sarjeta? Drogas? Algum tipo de problema pessoal? Vontade? Doença? Não sei. O que fico pensando é o que irão fazer agora com ele.
É chato isso. Para mim, ele foi o único membro que tocava de verdade e isso é fato. Sem aquelas melodias de baixo, não seria apenas as letras de Renato Russo que seguraria a banda nos primeiros anos. Creio que era capaz de a banda não durar e que Russo viraria um desses poetas da vida e os outros membros... sei lá.
É de se perguntar o que é verdade ou não sobre o que aconteceu depois de ver a matéria do Domingo Espetacular e a matéria feita com ele mesmo 10 anos antes (que saiu na revista ZERO e foi republicada pelo  blog Serenojovial!).

Na verdade todos foram (ou somos) vítimas de um mundo que se divide entre os vitoriosos e os fracassados e quem escolhe quem ficará em qual posição é a opinião geral que, infelizmente, ou por imposições midiáticas ou políticas, nunca soube escolher nada.

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