domingo, 4 de março de 2012

Mais conhecidos que Jesus

Foi nesse dia, mas a quase 50 anos que John Lennon disse que os Beatles eram mais populares que Jesus. Essa deve ser uma das frases mais conhecidas do rock e, talvez, a mais "agressiva" contra uma religião ainda mais vinda de uma das bandas mais cultuadas daqueles tempos junto com os Rolling Stones.
Quando o ex-Beatle lançou essa frase e ela foi publicada no jornal londrino Evening Standard, a reação das pessoas foi de violento protesto. "Morte aos Beatles!", "Degola!", "Botem na fogueira!", "Estrangulem os pagãos!" e outras deveriam ser as palavras daqueles que levaram à sério as palavras de um cara milionário, entupido de fãs e cheio de lsd na cabeça. Seja como for, foi uma frase infeliz.
Infeliz também foi o retorno que o caso deu. Shows cancelados, discos queimados em praça pública, banimentos das músicas em diversas rádios e ira, muita ira. Isso foi um dos pontos principais para o grupo desistir de excursionar. No fim fizeram um ano depois o "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band" e outros tão bons quanto esse. Viveram de discos multiplatinados e a vida continuou até o fim da banda.
Mas o curioso mesmo foi a onda de livros comentando sobre a frase de John Lennon. A maioria deles cristãos. Livros que mostram o que acontece quando alguém traz a ira de Jesus. 
Claro, Lennon foi morto porque falou essa frase. Uma resposta dos céus contra o mortal. Como não vou entrar nesse lema, fica com você procurar esses livros pelo Google Books e ver se eles são justos com o cara ou não.
O tema foi pesado, Brian Epstein, o empresário da banda, junto com Lennon fizeram várias conferências para tentar colocar a frase no sentido exato do que queriam. Dizendo que o que foi dito não era bem isso e tals. "Acredito que se eu dissesse que a televisão fosse mais popular que Jesus, eu poderia ficar impune (...) eu apenas disse que 'nós' influenciamos mais a garotada e coisas que todos, incluindo Jesus, mas eu disse isso querendo falar que era errado."
Nessa época, a conversa sobre a atuação da religião no período de guerra gerou várias reuniões em que seus representantes - padres, o papa, a sociedade etc - não estavam ajudando efetivamente de acordo ou de forma correta com o pensamento geral, de que a guerra era boa ou não e o que fazer com aqueles que estavam se afastando da igreja. Isso era uma conversa reservada apenas para os ingleses, mas quando um astro musical deu sua opinião, ela atravessou o atlântico onde havia muitas diferenças tanto entre países afastados quanto dentro de seu próprio território. Um exemplo era a diferença de direitos civis nos EUA sulista ainda carregado de fé e ódio racial que caminhavam de mãos dadas em algumas igrejas ou seitas como a Ku-Klux-Klan.
Realmente eram tempos difíceis, carregados de rancor e de apontar culpados por erros do passado. Duvido  que essa frase teria tanto impacto hoje, mas ela foi pronunciada nos anos 60, numa sociedade que ainda procurava cuidar de suas feridas de guerra com uma união enfraquecida por ideias e ideais rasos e, por consequência, cheios de contradições. 
E imaginar que esse mesmo cara que falou que seu grupo era mais conhecido que Jesus foi uma das maiores vozes contra a guerra e a favor da compreensão humana e da paz, o que gera mais contradição com o parágrafo acima.

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