terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Obrigado, Legs Mcneil

Pois é, pois é. Já faz um tempo que esse blógue está parado. Poderia dar uma cacetada de desculpas, mas como esse negócio é meu, peço desculpas.
Não tenho ideia de quantas pessoas abrem esse barato. Sei que, por mês, era coisa de mil pessoas. Algo de certa forma fantástico contando a pequena divulgação que faço em redes sociais e com a  ajuda de amigos, mas também não sei o quão certo são esses tais mil corajosos e nem como são contados.
Neste tempo ocioso, que acredito ser de uns três meses, quase nada mudou. Barcos afundam, neo-celebridades trepam - ou não - na tv, sacolas plásticas somem da quitanda, viciados são expulsos de onde estavam, as gravadoras perdem fôlego cada vez mais, Luizas, grávidas de mentirinha, alagamentos, gente que nasce e que morre, musiquinha de fim de ano etc. Até isso que escrevo já escreveram no passado, tirando alguns detalhes e mudando alguns nomes.
Já eu, escondido em minha caverna, fiz uns esboços para esse blógue que, no fim, não apareceram porque se perderam no tempo e na minha impaciência com internet lenta. Teve entrevista com a banda ROTA 54, matéria sobre o SWU, uma das últimas entrevistas do saudoso Redson e mais umas cagadas mentais que dei mas ficou em algum lugar entre o cerebelo e o reto.
Assim dito, aos poucos vou mudar essa tranqueira. Aliás, nada mudará, oras! Apenas serão colocadas cousas mais.
A empolgação veio após rever o livro "Mate-me, Por Favor" (a famigerada "bíblia") e o documentário "Punk: Attitude". Mais pelo autor, Legs McNeil.
Uma foi pelo óbvio: o faça-você-mesmo que nunca deu tão certo como os dias de hoje, apesar da necessidade de lutar contra outras milhares de publicações no universo da internet.
A outra, mais importante, era como iniciou-se a revista Punk. Do nada, apenas, nas palavras de John Holmstron - o lançador da ideia - para "beber de graça". Seria simplório e estúpido demais se parasse aqui, mas na verdade o negócio deu certo da forma mais errada possível. O primeiro entrevistado foi Lou Reed, escolhido por estar no CBGB's que, quando foi abordado para a entrevista, disse com aquele jeito sarcástico e rude "Oh, a tiragem de vocês deve ser fabulosa". Bom lembrar que isso foi em 75/76 e no mesmo momento que uma banda pouco conhecida hoje tocava seus primeiros acordes: os Ramones.
Foram para outro lugar chamado Locale e iniciaram uma entrevista non sense, com perguntas como "Qual tipo de hamburguer você mais gosta". Lou Reed odiou dar aquela entrevista. Foi grosso, estúpido e rude. No livro, Mary Harron diz que Reed ficou "muito furioso com Legs, detestou-o", mas o que era motivo para tristeza e raiva, principalmente de Legs, aquilo acabou virando a felicidade deles. Legs nem se importou em ser ridicularizado.
Nas palavras de Harron:
"Cheguei na porta, e a luz estava acesa, e John Holmstron estava lá na mesa dele, de óculos, fazendo a arte da capa pra entrevista de Lou Reed - o primeiro número de Punk.
Ele me mostrou, e era um cartum! Li a entrevista de Lou Reed rapidamente e pude ver que tudo que era humilhante, embaraçoso e estúpido tinha se transformado numa vantagem. E foi quando soube que a Punk ia dar certo."
Ou seja: ter vergonha de uma entrevista tosca, pode ser, no final, um desbunde. Para o bem ou para o mal.
Obrigado, Legs.

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