sexta-feira, 3 de junho de 2011

Valeu, Manolo

(céu branco, tempo mais quente) 
Mãe! adivinha quem morreu!
Quem?
O Manolo Otero!
Sério?
Não deu nem um minuto que soube do falecimento do cantor espanhol Manolo Otero e fui correndo passar a notícia para ela. Queria ser o primeiro a dar a triste novidade e o primeiro a saber sua reação. Será que ela choraria? 
Eu não sei ao certo que época que era, mas lembro de algumas músicas do cantor (para quem nunca ouviu falar, meio que era como o Julio Iglesias) que tocava quase que diariamente na vitrola de casa. Minha mãe era tarada pelas canções do cara, vai saber se não pelo cantor também. 
Eram outros tempos, camaradinhas. Tempos do velho e guerreiro som três-em-um Grundig do meu pai. Só de lembrar já sinto o cheiro da madeira dele. O toca-discos automático era lindo de ver funcionando; o braço indo certinho onde começava o disco independente do seu tamanho. Tempos da TV com nove canais, mas era colorida, viu! Da linha de telefone comprada em suadas prestações. Nada de videocassete. Isso era negócio de quem tinha grana. Tempos da Brasília amarela, do Edifício Francisco Saviano e da recentemente falecida Dona Dina. Ahh, essa mulher era um ouro de vizinha e vó postiça.
Éramos pequenos, eu, meu irmão e minha irmã. Meu pai tinha alguns discos do Elton John, Beatles, John Lennon, Benito di Paula, Simon and Garfunkel, esses que eu lembro. Nós, irmãos, tínhamos Pirlimpimpim, A Turma do Balão Mágico, Fofão, Prá Gente Miúda II e, minha mãe tinha Roupa Nova, uns de novela e... Manolo Otero.
Não sei quantas pessoas lembram desse cantor. Nesse mesmo dia, depois do serviço, passei no meu refugio e comentei da morte do cara e ninguém lembrava dele. Um até falou que o nome não era estranho e só. Por causa disso apenas eu estava com a cabeça na lembrança das músicas e do figura.
Meu telefone toca. É minha mãe. E ela disse que, apesar de ficar um pouco chateada com a morte dele, o que mais marcou foi que nós, mesmo tão pequeninos, ainda nos lembrávamos das músicas. "Logo que você desligou, o Adri (o irmão mais novo) ligou falando dele."
E ela diz: "Sabe, foi engraçado ouvir você cantando a música. Me assustei com essa lembrança. Vocês eram pequenininhos e eu 'forçava' vocês a ouvir o Manolo. Me voltou toda lembrança daqueles dias na cabeça."
Só por causa dessas palavras, este post, mesmo o cantor não sendo nada rock e nem roll, é em homenagem ao senhor Manuel Otero Aparício.
Valeu, Manolo.

(1942 - 2011)

Imagem: um dos discos que minha mãe tinha

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