segunda-feira, 13 de junho de 2011

Slayer 2011 - O Show

(não tão frio assim) Vou te dizer. Sei que enrolo em algumas cousas mas dessa vez tive que pensar muito para fazer esse post porque, digamos que tive um pequeno branco por uma situação que aconteceu após o show. Dito isso vamos lá.
Tudo preparado para ir ao Via Funchal para ver Slayer. A super banda thrash veio mais uma vez colocar tudo no chão. Como bem lembrado, sem essa frescura de "pista premium". Separação idiota e desnecessária para ganhar mais na lomba dos outros (como se já não fosse barato o ingresso) e que não faria muito sentido num show como esse.
Mas e esse frio?
Ao redor da Via Funchal essa era a segunda conversa entre as rodas, perdendo apenas para o show do Slayer. Muito flyer sendo jogado na mão. A banda feminina cover The Iron Maidens cobrando um preço absurdo (são gatas mas, e daí?), Cannibal Corpse em dezembro (sem confirmação do sítio), Testament
dia 20 de agosto, Nuclear Assault... bastante papel no chão.
A banda que abriu para os gringos foi a nada fraca e sempre competente Korzus . Não assisti, sou um otário. Uma das bandas mais respeitadas do Brasil ao lado do Sepultura, Krisium e do Sarcófago e eu dou uma dessas. Não fui eu apenas. Boa parte da mídia também deu um tiro desses no pé. Se vale por isso, eu, pelo menos não recebo para fazer essas matérias. Por que falar só da banda principal?
Entrei no Via e o Slayer já estava no palco. Casa cheia para quem achava que não viria muita gente. É absurdo o que esses caras fazem no show e a vibração que passam para os espectadores. Mesmo sem Jeff Hanneman e com Tom Araya impossibilitado de fazer muita força com o pescoço, ou seja, não pode mais com os banggings, aquele bate cabeça, a banda não perde o pique. Tem força, peso e continua nervoso.
Pergunte a qualquer um que foi no negócio o que achou do show e, muitos vão dizer que tiveram que usar Doril no pescoço no dia seguinte ou pastilha contra rouquidão.
Uma das minhas surpresas, que por mais simples que seja eu sempre me faço reparar, é sobre as imagens colocadas no telão. Geralmente fazem aquele padrão de estática, dura sem muitos movimentos. No máximo um travelling, um close simples em alguma parte do palco ou no músico mas, dessa vez tremiam as câmeras, jogavam zoom in/out frenético, num desespero que dava nervoso e dava ao show aquela tensão monstra que já existe ao ouvir o som da banda. Digo, não era um negócio mal feito, nas coxas e de qualquer jeito, era exato. 
O Slayer é assim. Não tem frescura, lasers, phasers, 3D, explosões, nem parafernálias no palco. Tirando o banner com o nome da banda e, se me recordo, apenas três combinações de cores nos holofotes (azul, verde e vermelho ou o famoso RGB) era apenas os caras com seus equipamentos e mais nada. Não precisa de outras bobagens tecnológicas para distrair a atenção do público.
Se tocou as clássicas? Quais clássicas? Seasons in the Abyss?, Raining Blood?, Mandatory Suicide?, South of Heaven?, Hell Awaits? War Ensemble? Angel of Death? Chemical Warfare? (adoro esses nomes!). Poatz! Claro que tocaram!! E ainda mandaram Dead Skin Mask, Dittohead, Black Magic e do novo disco sairam World Painted Blood, Hate Worlwide, Americon e Snuff, essa última fechando o show antes do bis.

Pós show

Fui deixado próximo do metrô Consolação mas, assim que cheguei, descobri que tinham acabado de fechar. Fim da operação. Apesar de ser um transporte muito mais rápido eu não dei  bola e fui para o ponto de ônibus.
O tempo foi passando. Não havia gente na rua. Não havia nada. E o frio me pegou. Tremia, eu não conseguia me esquentar o suficiente mesmo tendo várias blusas. Uma hora, apareceu uma dessas moças que trabalham de noite. Sorriu e venho em minha direção. Falou alguma cousa que não lembro porque não conseguia prestar atenção em nada. Na minha cabeça só a frase "quero minha casa", "está frio pra danar". Me abraçou umas duas vezes e este foram os dois momentos de maior felicidade nessa noite. O que a motivou para fazer isso é um mistério, uma lacuna na madrugada de Sumpaulo.
Gelei de verdade. Chegou uma hora que sai dos bancos do ponto e sentei ao lado da coluna de um dos prédios com os braços entrelaçados junto das pernas. "Tchau mãe, pai. Abraços irmão, irmã...", tive sim a sensação de que a qualquer momento bateria as botas. Hipotermia rolando forte. 
O tempo não passa de jeito nenhum. Tinha certeza que cederia a qualquer momento. Até que vi com o canto dos olhos os portões do metrô abrindo. Fiz um esforço, levantei tremendo, quase me desequilibrei e fui em direção a estação. Cheguei em casa gelado e sei que mesmo com um monte de cobertas, ainda demorei para esquentar. Fiquei assim, hibernando o dia inteiro. Já tinha passado por frio desse uma vez e nunca mais esqueci. Pergunto a vocês: acham que eu vou esquecer desse?

Imagem: Roberto Setton/UOL

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