De junho de 1988 até junho de 1989 tudo acontecia. Meio que na ordem dos fatos. Michael Jackson comprava o rancho que se chamaria Neverland; um fã do Mötley Crüe de 12 anos quase morre tacando fogo no corpo depois que viu um vídeo da banda com um dublê fazendo o mesmo; Alice Cooper se candidatava a governador do Arizona; morria Roy Orbison, Ultravox anunciava o fim da banda; James Brown era sentenciado a seis anos de prisão depois de fugir em alta velocidade da polícia atravessando dois estados; Madonna se divorciava de Sean Penn; o ex-baixista do Rolling Stones, Bill Wyman, 53 anos, anunciava seu casamento com Mandy Smith, de 19 anos, depois de seis anos de namoro.
Aí, dia 15 de junho, era lançado "Bleach".
"Bleach", o primeiro trabalho do Nirvana, saiu pela gravadora "meio" que independente Sub Pop num esquema meio louco. Tinham pouco tempo, cousa de duas a três semanas entre dezembro e janeiro, para preparar todo o disco. Quando digo todo, quer dizer, fazer letra, montar melodia, ensaiar, gravar e os escambaus. Tanto é que as letras são em sua maioria bizarras, tristes, melancólicas por causa da forma como eram feitas. Com Kurt Cobain as escrevendo "na noite anterior as gravações". Pra piorar, o pessoal da Sub Pop queria que o som soasse algo como o grunge que aos poucos nascia em Seattle. A parte da bateria também não foi toda feita por Chad Channing. As músicas "Floyd the Barber", "Paper Cuts" e "Downer" quem gravou foi Dale Crover, que tocou com Cobain em sua primeira banda, o Fecal Matter, e que hoje toca como baterista de turnê para o Fantômas, de Mike Patton.
Produzido e gravado o som, agora o negócio ficava nas mãos de Jack Endino, o produtor que tempos depois prepararia o disco "grunge" dos Titãs, "Titanomaquia". Quem pagou as contas foi um amigo da banda, Jason Everman, que desembolsou $606.17 por 30 horas de estúdio. Everman aparece como guitarrista na capa da banda, apesar de não ter gravado nada. O nome foi inserido, de acordo com Krist Novoselic porque "queriam que ele se sentisse em casa com a banda".
Montado, começava a parte física e de promoção. A capa, onde aparece os caras tocando, foi tirada por Tracy Marander, ex-namorada de Cobain. O nome do disco, Bleach, veio depois que Cobain viu um cartaz de prevenção contra a AIDS para viciados em heroína que ensinava-os a limpar as agulhas quando divididas com cloro. Antes, o nome do disco seria "Too Many Humans". Ao sair para as lojas teve uma recepção mediana mas, com o sucesso de "Nevermind", o suicídio de Kurt e as várias versões e relançamentos que aconteceram ao longo dos tempos, o álbum ganhou força e até hoje vendeu mais de quatro milhões de cópias.
O resto é história.
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