sábado, 16 de abril de 2011

Joey Ramone

E pra não dizer que esqueci, ontem fez 10 anos que Jeffry Ross Hyman morreu. Já sofria com um linfoma e um dia o corpo cedeu. Morreu Joey Ramone.
Lembro que, quando mais novo, era viciado em Heavy Metal, muito influenciado pelo momento, uma época um pouco antes da explosão grunge e da tecnologia globalizada. 
Um dia, por nada, gravei numa fita cassete um show que os Ramones tinham feito e eu tinha ficado doido com aquilo. Peguei as músicas e coloquei os nomes de cada uma sem saber se era certo ou errado. Não era um fanático mas sabe como é a vida quando você começa a sair da inocência.
Conheci um rapaz que virou um amigo por um bom tempo. Ele, tarado pela banda, viu a fita e fez uma cara de espantado. Nunca ouvira nenhuma canção da minha fita. Lógico, os nomes foram inventados! Ele ouviu uma a uma, arrumou os nomes e tirou um sarro de minha cara o dia inteiro. No fim era a gravação de "It's Alive".
Era o começo da minha simpatia por essa banda.
Em 1994 já era um animado fã de Ramones e fui ao show deles de promoção do disco "Acid Eaters". Imagina um cara de 16 anos, sozinho, cabeludo e indo para a fila para esperar a abertura das portas do antigo Olympia cercado pela carecada, pelos punks e outros seres que me olhavam com cara de "você é o próximo"! Bateram numa moça e seria fácil, então, bater no "piolhento" aqui.
Não aconteceu nada, aliás, aconteceu que eu nunca ví um show tão marcante. Todos cantavam, braços erguidos, jaquetas de couro, um suor dos infernos. Abre aquela luz estrobo e você vê milhares de cabeças, um tapete humano, que força! Sai impressionado e, na turnê de "Adios Amigos", lá estava eu de novo.
Tinha uma namoradinha que tinha horror a essa banda de tanto que eu gostava. Puro ciúme e pensando bem ela até tinha razão.
Morava e cheguei a trabalhar numa casa montando os detalhes dela e ia de bicicleta até lá. Dava o tempo exato, ida e volta, de uma fita inteira e sabia que estava chegando em certa curva, lombada, subida ou descida de acordo com a música que tocava. Adivinha o que rolava no walkman? "Halfway to Sanity", dos Ramones. 
E eles acabaram.
E, aos poucos e em pequena diferença de tempo, foi morrendo um a um dos principais membros de uma das melhores, se não a melhor, banda de todos os tempos. Não havia mais nenhuma chance, por mais remota que seja, de um tipo de retorno, um showzinho qualquer mais.
O mundo foi mudando, novas revelações foram lançadas à tona. Músicas, livros e acontecimentos pareciam deixar as pessoas, mesmo aquelas que nunca viram o show ou não tinham idade para curtir o som, próximos aos membros, como se nascessem sabendo de sua existência. A banda virou um negócio mitológico nunca visto em lugar nenhum do planeta, gostando ou não.
Ontem rolou um Top10 deles com as músicas de praxe e uma apresentadora que estava na cara que nada conhecia deles, mas sentia sim um orgulho de se vestir com a camiseta com o logo dos Ramones. Teve um disco que seu nome dizia tudo: "Todos Somos Ramones". Tudo graças a esses caras de jaqueta preta, jeans e tênis
André Barcinski também conta uma história fantástica (veja aqui) desse rapaz desengonçado, meio triste, meio radical, meio rock'n'roll, meio com cara de doente e muito atitude, música e força.
É isso. Só pra não dizer que esqueci.

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