sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lido

(nenhuma mudança no tempo) Nunca fui fã de poemas. Alguns são até interessantes mas no geral não me interesso. Minha ignorância é estupenda nesse quesito.
Mas, sempre o "mas", uma amiga me emprestou um livro: "tenho certeza que vai te interessar". É "Canto Geral", de Pablo Neruda (Bertrand Brasil, 602 págs.)
Devo dizer que, de primeiro, o negócio me interessou mais pelo nome constar em "Trocando Em Miúdos" de Chico Buarque ("Devolva o Neruda que você me tomou, e nunca leu..."). Fico pensando em se, pô, imaginemos o cara saindo de casa e, entre as poucas cousas que quer levar, como o disco do Pixinguinha, está um livro de Neruda. Poderia ser tantos outros mas, por que este?
Porque Pablo Neruda foi a voz, o poeta do povo oprimido, dos pobres, dos sofredores, dos índios da América Latina. Seu poema raramente tem rima, o que me agrada pois fica tudo mais solto, e é de uma complexidade impactante e uma imaginação que simplesmente te pega no inesperado.
Seu grito é de pura luta contra a América do Sul que corrompe, os verdugos, os descobridores da terra nova, os corruptos, ditadores e qualquer um que seja inimigo do mais fraco. "Quero estar na morte com os pobres que não tiveram tempo de estudá-la, enquanto os espancavam os que têm o céu dividido e arrumado." diz uma parte.
Lançados em 1950, seu nono livro não fala só da guerra ou da defesa de seu povo. Neruda engrandece países latino-americanos (abraços, André) como México, Paraguai, Cuba, Brasil e sua cidade, o Chile ao qual ele tem enorme carinho de sua terra; os rios Tequendama, Orinoco, Bío Bío e Amazonas; personagens como Xíménez de Quesada, Emiliano Zapata, Frei Bartolomé de las Casas, Túpac Amaru, Castro Alves, Bernardo O'Higgins Riquelme e Luís Carlos Prestes; o partido vermelho, seus amores e passagens no exterior sendo cônsul na Espanha, Birmânia e outros num tempo de violentas guerras. Uma enorme voz de protesto e delicadeza saem ao mesmo tempo neste canto geral.
Achava que Neruda, apesar de sua fama, era uma "arte menor", sem grandes momentos e cai do cavalo, o que é bom, porque acabei me chocando com o tapa na cara que uma grande arte sempre dá.
Filho da mãe esse cara!

2 comentários:

  1. México e Cuba não são na Sulamérica! ehhehe Arruma isso aí pq o resto ta mto bom, cara.

    Abraços!

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  2. "Preça" é uma merda, André!
    Arrumado e valeu pelo "resto".

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