(Mais um dia triste) "Eu vou enfiar essa bola de na testa dele!" Foi mais ou menos isso o que eu disse quando o conheci pela primeira vez em 1999.
Tínhamos acabado de assistir ao "Clube da Luta" (Fight Club) e, ficamos impressionados e empolgados com a ideia, a cousa toda do filme. Estávamos envenenados por Tyler Durdens da vida.
Antes de uma balada (que acabou virando uma história surreal), passamos num buteco e resolvemos jogar pebolim, mas faltava uma pessoa para completar as duplas. Lá estava ele.
Passado a tempestade de nervos daquele dia, a conversa começou a acontecer de maneira fácil. Nos tornamos amigos.
Não sei o quanto ele era mais velho - não muita coisa - e morava numa quitinete próxima desse lugar que eu frequentava. Ele era um conhecedor feroz de computador e de música incomum.
Começou eu e um pessoal bacana a aparecer na casa dele. Nunca fechava as portas para ninguém, apenas quando a visita era do filho dele. Quantas bebedeiras e churrascadas naquele lugar pequeno mas aconchegante.
Gostava de Piazola, Tim Maia, Nick Cave, Fórmula 1, computação, beber, fumar, viver do jeito dele.
Sacava frases incríveis que o tempo fez o desfavor de apagá-las de minha memória, mas seus trejeitos são inesquecíveis. Coisa que é impossível de descrever em palavras.
Dizia ele que tomava banho de roupa para economizar a água e a preguiça. Guardou minha moto preocupado com minha demora e nem me conhecia. Se preocupava com os amigos.
Tinha muito azar com carros. Contou que dormiu no volante uma vez e , quando acordou, o carro estava no meio de uma árvore. Outra vez, com um Prêmio, capotou. Quase morreu. Fiquei tão nervoso de ver o estado de detonado com que ele apareceu na pizzaria que quase chorei. Sério. Falou que iria comprar uma moto e eu disse que era suicídio. Oras, você está louco e ele dava risada.
Contou da vez que foi ele e mais um amigo para uma praia viver por lá, dentro de uma barraca. Foi nela que conheceu a mulher que lhe deu um filho, Thomaz.
Um dia, passando pelas bandas, o cara sumiu. Não morava mais lá.
Conversávamos então via e-mail, Orkut, essas coisas, mas sobre trivialidades curtas. Geralmente corridas. É dele as palavras "Rubéolo" ou "Fazedor de Sapato". Isso foi durante coisa de três, quatro anos, vai saber, apenas finalizando com "saudades das conversas e do churras". Sem viadagem, amizade mesmo.
Dia 7, recebi a mensagem de um amigo que há tempos não conversava e ele escreveu: "pô, ale, bad news. Nosso camarada Demetrio partiu."
Partiu um grande amigo. Um grande figura num acidente bobo de moto em Guarulhos. O melhor jogador de pebolim que já conheci e que deu uma sacolada em nós com apenas uma mão.
Muitos sentirão sua falta. Gente assim deus não faz em larga escala.
Fique na PAX, Demetrio Xavier.
Linda homenagem ao querido Dema, Alê. Foi bom saber um pouco dessa história toda dos amigos mais antigos. E eu estive num desses churrasquinhos lendários na edícula. Muito bacana. Muitas saudades. Nas vemos na missa, sábado, Bj
ResponderExcluirAlê o post foi corrido, mas foi conciso e resumiu bem como era o nosso amigo, sua personalidade, e o teu sentimento de amizade por ele. Gostei muito, e gosto dos seus outros textos tb, e vem em quando venho sapecar aqui.Eu tenho um outro blog sobre cinema que está abandonado,(http://luzazen.zip.net), aliás eu fiquei devendo ao Dema uma crítica do filme Festim Diabólico, do Hitchcock, que seria meu pagamento a um monitor que ele me arrumou. Vou rever o filme e ressuscitar meu blog com essa crítica, vai seu meu tributo póstumo ao nosso amigo. Quando puder dá uma olhada lá, tem críticas bacanas de filmes e um pouco da época que morei nos EUA.
ResponderExcluirEu te vi na missa, mas tudo bem. Compreendo que tenha preferido sair antes. E que nos encontremos para falar de blogs e relembrar as histórias do Demétrio. Beijo
Eu estou importando o blog do bol pro Blogger porque minha conta foi cancelada. O novo endereco é este : http://lulinocinema.blogspot.com/
ResponderExcluirEscrevi um post sobre o Dimmo lá.
Tio Dema descance em pax
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