terça-feira, 8 de junho de 2010

DM3 XV3R

(Mais um dia triste) "Eu vou enfiar essa bola de na testa dele!" Foi mais ou menos isso o que eu disse quando o conheci pela primeira vez em 1999.
Tínhamos acabado de assistir ao "Clube da Luta" (Fight Club) e, ficamos impressionados e empolgados com a ideia, a cousa toda do filme. Estávamos envenenados por Tyler Durdens da vida.
Antes de uma balada (que acabou virando uma história surreal), passamos num buteco e resolvemos jogar pebolim, mas faltava uma pessoa para completar as duplas. Lá estava ele.
Passado a tempestade de nervos daquele dia, a conversa começou a acontecer de maneira fácil. Nos tornamos amigos.
Não sei o quanto ele era mais velho - não muita coisa - e morava numa quitinete próxima desse lugar que eu frequentava. Ele era um conhecedor feroz de computador e de música incomum.
Começou eu e um pessoal bacana a aparecer na casa dele. Nunca fechava as portas para ninguém, apenas quando a visita era do filho dele. Quantas bebedeiras e churrascadas naquele lugar pequeno mas aconchegante.
Gostava de Piazola, Tim Maia, Nick Cave, Fórmula 1, computação, beber, fumar, viver do jeito dele.
Sacava frases incríveis que o tempo fez o desfavor de apagá-las de minha memória, mas seus trejeitos são inesquecíveis. Coisa que é impossível de descrever em palavras.
Dizia ele que tomava banho de roupa para economizar a água e a preguiça. Guardou minha moto preocupado com minha demora e nem me conhecia. Se preocupava com os amigos.
Tinha muito azar com carros. Contou que dormiu no volante uma vez e , quando acordou, o carro estava no meio de uma árvore. Outra vez, com um Prêmio, capotou. Quase morreu. Fiquei tão nervoso de ver o estado de detonado com que ele apareceu na pizzaria que quase chorei. Sério. Falou que iria comprar uma moto e eu disse que era suicídio. Oras, você está louco e ele dava risada.
Contou da vez que foi ele e mais um amigo para uma praia viver por lá, dentro de uma barraca. Foi nela que conheceu a mulher que lhe deu um filho, Thomaz.
Um dia, passando pelas bandas, o cara sumiu. Não morava mais lá.
Conversávamos então via e-mail, Orkut, essas coisas, mas sobre trivialidades curtas. Geralmente corridas. É dele as palavras "Rubéolo" ou "Fazedor de Sapato". Isso foi durante coisa de três, quatro anos, vai saber, apenas finalizando com "saudades das conversas e do churras". Sem viadagem, amizade mesmo.
Dia 7, recebi a mensagem de um amigo que há tempos não conversava e ele escreveu: "pô, ale, bad news. Nosso camarada Demetrio partiu."
Partiu um grande amigo. Um grande figura num acidente bobo de moto em Guarulhos. O melhor jogador de pebolim que já conheci e que deu uma sacolada em nós com apenas uma mão.
Muitos sentirão sua falta. Gente assim deus não faz em larga escala.
Fique na PAX, Demetrio Xavier.

4 comentários:

  1. Linda homenagem ao querido Dema, Alê. Foi bom saber um pouco dessa história toda dos amigos mais antigos. E eu estive num desses churrasquinhos lendários na edícula. Muito bacana. Muitas saudades. Nas vemos na missa, sábado, Bj

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  2. Alê o post foi corrido, mas foi conciso e resumiu bem como era o nosso amigo, sua personalidade, e o teu sentimento de amizade por ele. Gostei muito, e gosto dos seus outros textos tb, e vem em quando venho sapecar aqui.Eu tenho um outro blog sobre cinema que está abandonado,(http://luzazen.zip.net), aliás eu fiquei devendo ao Dema uma crítica do filme Festim Diabólico, do Hitchcock, que seria meu pagamento a um monitor que ele me arrumou. Vou rever o filme e ressuscitar meu blog com essa crítica, vai seu meu tributo póstumo ao nosso amigo. Quando puder dá uma olhada lá, tem críticas bacanas de filmes e um pouco da época que morei nos EUA.
    Eu te vi na missa, mas tudo bem. Compreendo que tenha preferido sair antes. E que nos encontremos para falar de blogs e relembrar as histórias do Demétrio. Beijo

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  3. Eu estou importando o blog do bol pro Blogger porque minha conta foi cancelada. O novo endereco é este : http://lulinocinema.blogspot.com/
    Escrevi um post sobre o Dimmo lá.

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