quarta-feira, 19 de maio de 2010

Enfim, a Virada

(Elvis está morto!) Pois é. Quantas pessoas estavam ansiosas com a chegada da Virada Cultural? De novo, o centro de Sumpaulo ficou cheio de gente - e não só de noia - na noite.

Como tudo já foi dito como uma média de quatro milhões de visitantes, uma pessoa morta, lixo, furto, arrastão, falta disso e daquilo, lá vou eu com minhas cousinhas.

De primeira me peguei com algo que não esperava e olha que vou na Virada desde a primeira que teve aquele negócio do PCC. Mesmo fazendo um preparativo para o que ver com antecedência, não ví tudo.

Logo perdi Barbarito Torres e Ignacio Mazacote, membros do Buena Vista Social Club, o que foi uma pena e minha virada começou com o show do Grande Mothers Re:Invented, antiga Mothers of Invention e, em seguida, Big Brother & The Holding Co., a banda de apoio de Janis Joplin. Ótimos sons, mas me parecia um pouco fúnebre ver e, no final, dizer que eu ví, pelo menos em parte Janis e Zappa. No final essa é a verdade.

Aos poucos e, principalmente, com o fim da banda do Zappa terminando sua apresentação, a São João começava a ficar difícil de andar. Quando fui buscar uma cerveja ví um cara capotado no chão e uma galerinha nova com cara preocupada. Perguntei se precisavam de ajuda e disseram que sim. Fui buscar.

Devo ter demorado um pouco para sair do meio do povo. Achei as cervejas mas nada de ambulância. Imaginei a dificuldade deles de chegar até o pobre ébrio que, talvez, não verá mais nada de show e não adiantaria nada chamar mesmo a ambulância. O pessoalzinho e o bebum não estavam mais lá.

Louco mesmo era passar da São João para a Júlio Prestes com a rapaziada doida pipada. Ví gente de olhos arregalados apertando bolsas, escondendo máquinas fotográficas e torcendo para que nenhum deles pedissem a gelada. Juro que não ví o tal arrastão e, do jeito que estava os meninos da rua, nada acontecia de tão chapados que estavam. Sei lá.

Entre o show da Big Brother e do Living Colour haveria coisa de umas duas horas, então me passou na cabeça uma vontade: quero comer sushi. Onde encontraria sushi depois da meia-noite? Andei e andei. Pastel era bobeira de tão grande que era a fila. Fui até a praça da República que imaginai que rolaria aquelas bancas uma do lado da outra. Nada. Desisti e acabei comendo milho mesmo.

Milho salgado comido, fui procurar um bom lugar para ver o Living Colour que tanto veio e nunca assisti. Sabe, um cara de estatura baixa como eu tem que fazer malabarismo para enxergar e é necessário um lugar alto. Ví um orelhão. Será que subiria nele? Mas, e a brecha de estar com uma filmadora com um monte de olhos me vendo e, ainda por cima (olha a ironia da frase!), quase sempre sozinho? Dane-se. Fico num canto e uso a câmera para ver, filmar e tirar fotos. Teve uma moça que agradecia de eu estar por perto pois ela também aproveitava a tela da filmadora para ver o espetáculo. De nada.

E lá vai o show. Apareceu o vocalista Corey Glover "fantasiado" de Capitão Marvel acima do peso e bum! Começa a bagaça e a galera berra feito doida com o som absurdamente bem tocado. Algumas músicas mudadas (pelo que fiquei sabendo é algo comum da banda) para maior embalo como Glamour Boys, Cult of Personality, Ignorance is Bliss entre outras várias.

Do nada, aparece um cara, mas lá de cima, na ponta do telhado do relógio da Estação Júlio Prestes. Que negócio seria aquele? Apareceu e sumiu. Pronto, pescoço e câmera de volta ao palco.

Vai chegando ao fim o show. O pessoal não move o pé. Começa "Elvis is Dead" mas, esse refrão foi colocado em português, então imagine toda a praça berrando "Elvis está morto!". Mágico como uma pequena cousa ou frase pode mudar tudo. No final, havia sempre um berrando a célebre frase de 15 minutos de fama. Eu falei várias vezes sem nenhuma vergonha. Voltei ao palco da São João para ouvir a barulheira animal do Krisiun. O dia aparecia o cansaço também. Mais de 13 horas em pé, tudo ao redor tranquilo. Uma caminhada até a carona. Cheguei em casa e perdi a corrida de Fórmula 1.

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