quinta-feira, 23 de abril de 2009

Eu sou feio

(Todos somos) Não precisa de muito para pensar. De fato nem eu precisei pesquisar muito para pensar no que digo agora; apenas li os artigos da Folha de São Paulo e o Wikipédia (Tão mal falado e de pouco crédito nas ditas faculdades). O caso em questão é Susan Boyle.


Rapidamente sua história, se é que pode ser breve: Susan é a filha caçula de quatro irmãos e seis irmãs; nascida num parto complicado, ficou com pequenas sequelas e dificuldades de aprendizagem. Cantava em corais mas poucos ou apenas conhecidos sabiam do potencial que tinha essa cantora que, aos 47 anos, se apresentou no “Britain’s Got Talent” (o American Idol inglês) e impressionou a todos.


Impressionou pelo simples fato de ser esquisita, mal vestida, nas óbvias palavras era tão desengonçada e feia que todos achavam que estava ela lá para pagar um mico.


Cantou a música “I Dreamed a Dream”(música de Les Miserables. Nota: não sei quem é o letrista. Quem puder ajudar será animal), e virou sensação não pelo fato do talento vocal absurdamente belo mas, sim, pelo visível sentido do inesperado de uma pessoa visualmente pouco levada a sério, deixar todos, todos mesmo, de cara no chão.


Veio na minha cabeça aquela coisa chata de que ninguém dá o respeito, o valor às pessoas pelo jeito delas serem o que são. O complexo estúpido do valor à beleza, a vaidade como molas mestres da simbologia escrota do poder e da vaidade.


A loira babaca do Britain’s, Amanda Holden disse: “Eu estou tão chocada porque todos estavam contra você. Eu vejo que nós fomos arrogantes, e você nos deu a maior lição que precisávamos. Só gostaria de dizer que foi um privilégio escutar você aqui.” Puxa-saquismo tacanho e sem vergonha de se mostrar pequena diante do vozeirão de Susan.


É claro que seus produtores sabiam de antemão dos poderes de Susan e aproveitaram para dar para a platéia e aos telespectadores um pouquinho do drama, do suspense de filméco tipo b para aproveitar e mostrar, ao vivo (acho), a cara de desacreditados, de gente pensando “o quê essa ridícula fará aí, no palco”. Sabiam os produtores do às na manga que tinham para chocar o pessoal e conseguiram. Simon Cowell, dono do programa, já havia preparado um contrato gordo para Susan... e ele, claro.


Mas do que mais se fala? De que ela nunca foi beijada, de “seu jeito desengonçado”, de sua cara de homem como se isso fosse o ingresso válido para ser alguém do plástico mundo das beldades.


Hahahahaha só gente patética para pensar assim. Só gente infeliz para achar que ela é um símbolo do que quem quer, tudo pode.


Todos nós temos grandes trunfos e qualidades.


Só gente cega de alma não vê isso.


Palmas para Susan pela bela voz. Um cuspe na cara para os sonhadores da fria e vazia beleza eterna.

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