quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Edson Lopes Pozzi

(frio e azul) O USGritarias ficou cousa de um mês parado por causa das férias. Fiquei longe de tudo que tivesse a ver com a internet. Aproveitei para adiantar algumas pendências e me preparava para dar uma retrospectiva do que rolou nesses tempos de ócio particular. Shows, notícias etc.

Mas veio a notícia que baqueou toda a estrutura que eu preparava. Redson, vocalista, guitarrista e fundador do grupo Cólera faleceu na noite de hoje. Uma parada cardiorrespiratória, diz as primeiras informações.

Morreu não um cara que, infelizmente, a mídia sempre deu pouca atenção, apesar da atitude pacifista, ecológica, de união que suas letras diziam. Cólera, banda seminal. Uma das primeiras e a mais velha banda punk em atividade até hoje. Mídia essa que prefere a pujança das bandas pré-fabricadas, com letras rasas, cheia de jabá para promoção de algo que não tem nada para ensinar a ninguém. Ninguém vive apenas de ilusões amorosas e bobagens infantilóides. Cousa boa parece que é negócio de otário que vive no mundo da lua falando de atitude, de união, de um futuro justo, palavras, palavras.

Redson não bebia. Se bebia, era algo raro e que nunca vi. Comida macrobiótica, tinha uma energia espetacular e que o fazia manter a banda. Promover, preparar contrato, fazer música, tocar, ensaiar, agitar ideias que ele sempre achou importante promover não apenas para aqueles que seguiam o estilo da banda, ele fazia isso para todas as pessoas. Era uma excelente figura, um piadista de primeira. Tive o prazer de conhecer o arquivo de imagens e matérias sobre o Cólera e lá, reparei definitivamente a importância dessa banda para a história da música, do estilo, da história.

Conheço não só o Redson, mas a banda (seu irmão e baterista Pierre e os baixistas Fábio e o Val) desde minha primeira organização, ainda mambembe, do primeiro show deles em minha cidade natal, Itapetininga. Isso em 1996. Um dos primeiros shows punk que assisti teve eles, Kid Vinil e outras bandas tocando no Tendal da Lapa. Nunca esquecerei como foi a recepção que a banda recebia das centenas de pessoas que cantavam com eles quase como um hino. Um cântico. 
Queríamos uma banda conhecida para tocar numa casa que nos dava um espaço nos fins de semana. Para um primeiro contato eu e um grande amigo, Reginaldo "Fejão" Montanari para Santos, que era onde eles abririam para os gringos do Shelter. Combinamos tudo e nos preparamos para uma jornada que eu nunca imaginei que renderia a amizade com o trio.

Fizemos outros shows, dezenas de reuniões, papeamos... A galera endoidava por conversar com ele tamanha sua simpatia. Era notável sua paciência contra adversidades. Raramente o vi nervoso. 

A última vez que eu o vi foi num show em Itapetininga no primeiro semestre desse ano. 15 anos depois do primeiro show lá estavam eles em cima do palco. Na pista, figuras que fizeram parte daquela caminhada maluca dos primeiros eventos. Foi como que aqueles dias voltassem por algumas horas e todos nós voltássemos a nossa passada juventude.

Não morreu Redson do Cólera. Morreu Edson Lopes Pozzi, meu amigo.



Imagens: Mauricio Capellari

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