quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Lido

(hora de tirar a camisa) Paris, início do século XIX era uma cidade próspera como qualquer outra de seu tempo ou de outras épocas futuras. Quanto mais aproximado da onda da revolução industrial é a cidade, mais rica e mais repleta de diferenças culturais, de contrastes e sociais ela será.
Assim, do lado dos desvalidos, onde o moderno, o poder e a ascensão pouco faz parte da rotina, fica a pensão da sra Vauquer. É nela que se inicia a história de Honoré de Balzac, "O Pai Goriot" (Le Père Goriot - Editora L&PM, 306 págs.).
Personagem chave da história, Goriot é um senhor viúvo de 69 que depois de construir riquezas comprando trigo e revendendo por 10 vezes o seu preço, cuidou de suas duas filhas com excessivo carinho e mimo até que casassem. Aposentou-se e foi parar na Casa Vauquer com seus poucos vícios e diversos segredos. Seus trejeitos simplórios e conservadores tão polidos são piada para os outros hóspedes até que chega um novo morador, o estudante interiorano Eugène de Rastignac. Jovem e cheio de ambições tem o coração inocente, uma piada para a burguesia parisiense acostumada em desfrutar seu poder a qualquer custo.
Entrar na "grande sociedade" requer conhecimento, ouro e respeito. Para conhecer esses percalços, Rastignac tem a ajuda de uma prima, a Viscondessa de Beauséant, mas o destino urge na Casa Vauquer.
Lá ele descobre o amor de uma das filhas de Goriot, a chance de enriquecer de forma "rápida" com os ensinamentos do misterioso sr. Vautrin, a ganância, o egoísmo e o que a maioria de seus iguais fariam por um punhado de "ouro e prazer".
O livro entra próximo da linha de "Crime e Castigo", de Dostoiévski quando falamos do homem e sua sociologia. O que fazemos para alcançar uma meta. Quais são nossos verdadeiros princípios, onde e quando usamos a mentira ou mentimos a nós mesmos. Fatores diversos percorrem a alma dos principais personagens dos dois livros e ambos vêm de famílias pobres que depositaram neles a fé de que, por diversos porquês, serão/seriam alguém na vida na cidade grande.
O livro é denso. Os segredos e ideias pervertidamente nebulosos. a reviravolta é pavorosa. Enfim, livro triste. A verdade daquela época se contrasta com a de hoje em vários aspectos, principalmente o homem que parece que não mudou muito.
Honoré de Balzac, um doido comedor e que pirou na ideia de fazer uma obra prima sobre a sociedade parisiense que vivia montou esse livro para que se juntasse a outros - no caso, A Comédia Humana - e que também faz parte de outros títulos (livros, contos, romances, novelas que, combinados, se transformam na "Comédia") divididos em três partes que ainda se subdividem em outras seis partes com cerca de 2,5 mil personagens que aparecem em vários títulos. A obra é única.
E não precisa ler todos. A não ser que queira.

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